quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Splatterhouse


Splatterhouse

Análise
Sangue, violência e carnificina

Se houvesse um concurso para eleger o jogo mais violento de sempre Splatterhouse era facilmente o vencedor. Tal coisa não seria de estranhar, já o original para a TurboGrafx-16 foi um dos primeiros jogos a receber um aviso parental na sua capa devido aos seus conteúdos apenas aconselhados para os maiores de idade. Só para terem uma ideia do grau da violência, posso dizer com segurança que o que viram nos jogos God of War é, neste aspecto, inferior a Splatterhouse.

Não há uma única coisa em Splatterhouse que não demonstre a sua brutalidade. Após inserir o jogo no console e passados os créditos iniciais, aparece uma criatura horrenda. Pressionamos start e ela se desfaz em pedaços e sangue saltam diretamente para a tela. Isto tudo acompanhado por gritos e sons aterradores.

Mas o fator surpresa deste jogo não é a sua violência, qualquer um que tivesse visto um vídeo ou conjunto de imagens percebia de imediato que isso seria algo presente. Algo inesperado em Splatterhouse era apresentar uma história decente. Fiquei completamente surpreendido porque esta até acabou tendo qualidade e sendo interessante. Claro que não contém profundidade ou a capacidade para mexer com os nossos sentimentos, porém, se gostam de filmes de terror certamente que será do seu agrado.

Esta aventura sangrenta começa com Rick Taylor no chão esvaiando em sangue e com um cientista maluco, Dr. West, raptando a sua namorada, Jenny. Para a sua sorte Rick vê uma mascara à sua frente que sussurra que o pode ajudar. Estando à beira da morte Rick não vê outra alternativa e põe a mascara que de imediato o transforma numa criatura musculosa e extremamente poderosa.

Na realidade em Splatterhouse não temos apenas um personagem no papel principal, temos dois. O Rick e a mascara são duas identidades distintas e interagem com o decorrer do jogo. A mascara serve como um guia ou uma ajuda que nos vai explicando algumas das coisas em Splatterhouse. Mas esta não é a sua única função, a mascara serve também para dar humor. É engraçado ver a mascara gozando com Rick ao sugerir que a sua namorada está tendo relações sexuais com o cientista que a raptou: "Oh! Dr. West! Its so big!"

Splatterhouse é um jogo desinibido e que não tem problemas nenhum de mostrar cenas que chocariam a maior parte das pessoas. O próprio jogo gaba-se disso, há certo momento em que a mascara diz "See, thats the kind of s*** that gave us an M rating." Obviamente que a Namco Bandai poderia ter optado por reduzir a violência e gore do jogo, mas isso seria uma decisão prejudicadora. É esta mesma grande violência que transforma Splatterhouse em algo extremamente divertido. Para alcançar esta diversão não podem levar o jogo muito a sério. Numa ocasião Rick pergunta "Who built this s***?" A mascara responde "Don try to make it sence Ricky."

Poderia-se dizer que Splatterhouse é repetitivo porque resume-se do princípio ao fim andando a eliminando criaturas feias das formas mais dolorosas possíveis, contudo, isto não é na verdade o que um título do gênero hack and slash deve oferecer ao seu jogador? E para algo ser considerado repetitivo é preciso estarmos cansados de fazer constantemente a mesma coisa. Ora, eu não senti isso em Splatterhouse, ao fim de terminar o jogo estava novamente pronto para mais uma rodada.

O auge da carnificina é atingido nos finishers. Quando uma criatura estiver envolvida num tom de vermelho carreguem B para executarem um finisher com uma brutalidade inimaginável. Um dos meus favoritos consiste em esmagar a cabeça de uma criatura com as nossas mãos, mas existem mais, alguns específicos para determinadas criaturas. A sensação de fazer estes ataques consegue ser transmitida ao jogador porque temos de fazer os movimentos de Rick com os analógicos. Num outro finisher os braços são arrancados é preciso inclinar os analógicos em direções opostas. Nestes momentos conseguimos mesmo sentir a violência contida em Splatterhouse.

Se não quiserem usar os finishers existem outras maneiras brutais para desfazer criaturas horrorosas. O que vão usar mais são as mãos enormes de Rick que mandam tudo pelos ares. Ou então podem usar as armas que vão encontrando, existem facões, moto-serras, canos, ou seja, todas aquelas ferramentas normalmente usadas pelos psicopatas nos filmes. Podem ainda arrancar uma cabeça ou uma braço de uma criatura e usarem como uma arma.

A sua força sobrenatural não é única habilidade que a mascara fornece. Rick consegue literalmente sugar a vida de outras criaturas para aumentar a sua. Outra habilidade é transformar-se numa criatura mais forte com espigos saindo dos braços e das costas. Como seria de esperar, estas habilidades estão dependentes de uma barra no HUD que vai enchendo à medida que fazemos mais e mais matanças.

O sangue em Splatterhouse está por todo o lado e é a moeda usada para melhorar as capacidades de Rick, coisas como a quantidade de vida, mais ataques, mais durabilidade para as armas, entre outros. Se quiserem alcançar o expoente máximo das capacidades de Rick terão que jogar uma segunda vez porque a primeira não é suficiente.

Splatterhouse é muito completo em conteúdos. Além do modo história que dura razoalvelmente bem, possui os "Survival Challenges" e os três Splatterhouse originais. Se pensarmos bem a Namco Bandai foi bondosa ao incluir os três originais neste remake de Splatterhouse. Nos tempos que correm poderia muito bem lança-los separadamente nos serviços digitais e obter lucros extras.

Sendo Splatterhouse um remake, não foi esquecida uma homenagem aos clássicos. Para prestar esaa homenagem (e também para dar variedade) foram incluídas seções em side-scrolling que lembram de imediato os velhos tempos. Nestas seções a música utilizada provém dos Splatterhouse originais, algo sublime.

A princípio não consegui perceber isto, mas o que dá principalmente vida a Splatterhouse é o seu visual. É um jogo bem concebido em gráficos e design. Foi adotado um aspecto meio desenho animado, mas que de infantil não tem nada. Ao lutar com as criaturas o sangue se espalha pelo chão, paredes e mesmo na tela da nossa televisão, é um efeito que demonstra a carnificina que o jogo pode atingir em toda a sua glória. Os níveis têm sempre aquele aspecto de casa dos horrores, embora seja raras as ocasiões em que vamos prestar atenção ao que está ao nosso redor. Caso Rick sofra danos consideráveis, pedaços da sua carne são arrancados. É comum verem as suas costelas expostas. Rick pode até perder um braço, mas não se preocupem, passando alguns segundos nasce outro.

Splatterhouse captou o meu interesse desde o primeiro momento, contudo, tentei sempre não elevar as expectativas, pois geralmente este gênero de jogo acaba por desiludir. Felizmente, este jogo não se encaixa nessa categoria. Tudo aquilo que os trailers prometem é tudo aquilo que pode ser encontrado em Splatterhouse. Se pensam que violência excessiva, carnificina, sangue escorrendo por todos os lados é divertido, então isto é um jogo para vocês.

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